07 julho, 2006

Seu corpo imprime a sua história


Seu corpo imprime sua história
(parte 1)
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Mais eficiente que a memória do computador, seu corpo regista tudo que aconteceu com você desde a infância até agora.
O psicólogo e teólogo francês Jean-Yves Leloup relaciona símbolos arcaicos com várias partes do corpo e esclarece as causas físicas, emocionais e espirituais das boas sensações e de algumas doenças.
Uma página branca.
É assim o corpo novinho em folha do recém-nascido.
Desde o instante do nascimento e a cada fase da vida, a pele, os músculos, os ossos e os gestos registam dados muito precisos que contam a nossa história.
“O homem é seu próprio livro de estudo, basta ir virando as páginas para encontrar o autor”,
diz Jean-Yves Leloup, teólogo, filósofo e terapeuta francês.
É possível escutar o corpo e conhecer a sua linguagem, que muitas vezes se expressa por sensações prazerosas, por bloqueios ou pela dor, que nada mais é do que um grito para pedir atenção.
“O corpo não mente.
As doenças ou o prazer que animam algumas de suas partes têm significados profundos”, revela Leloup no livro O Corpo e Seus Símbolos (ed. Vozes).
Ele nos convida a responder algumas questões sobre pés, tornozelos, ventre, genitais, coração, pulmões e muitas outras partes.
Elas podem ser nosso guia numa viagem de autoconhecimento que toca em aspectos físicos, emocionais e espirituais:
“Primeiro, podemos notar qual é nosso ponto fraco, o lugar de nosso corpo em que vêm se alojar, regularmente, a doença e o sofrimento.
Há a escuta psicológica pela qual podemos prestar atenção no medo ou na atração que vivemos em relação a algumas partes do corpo.
E há ainda a escuta espiritual.
O espírito está presente em nosso corpo, e certas doenças e algumas crises são manifestações do espírito, que quer trilhar um caminho, que quer crescer, que quer desenvolver-se em membros que lhe resistem”, diz ele.
E continua:
“Algumas depressões estão ligadas a fatores emocionais, a um rompimento, uma perda, uma falência.
Mas há também depressões iniciáticas, em que a vida nos ensina, por meio de uma queda, um acidente, que devemos mudar nosso modo de viver”.
Na perspectiva da espiritualidade, uma doença é uma provação:
“Tudo que nos acontece serve para ampliar nossa consciência para descobrirmos o que temos no coração e na mente, para nos devolver a nós mesmos, sem ilusões. Se abandonamos o papel de vítima, podemos transformar o sofrimento e os impasses em um novo caminho.
É quando paramos de procurar os culpados por nossa dor que a adversidade se torna o meio de descobrir o limite do amor”, afirma Leloup, que também é padre cristão ortodoxo.
(Continua)
AD

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